domingo, 5 de agosto de 2012

Capítulo Dezenove

Edu: Olha isso. Ele me mostrou uma revista que dizia “Camile Bianco extrapola na bebida e arma barraco dentro de casa noturna em Búzios.”
Eu: Mas não teve barraco nenhum, eu e o Leo só tivemos um desentendimento, não é normal entre casais?
Edu: Eu não tava lá mas se foi só um desentendimento, porque tem quase uma semana que vocês não se falam?
Eu: Não sei, ele sumiu, ele... Não atende o celular, tive que ligar pro irmão dele. Mas eu te garanto que o  motivo dele fugir de mim não foi por causa disso. Talvez ele só quisesse um tempo pra ele. Mas amanhã é aniversário da Manu, eu acho que ele vai.
Edu: Hm, a paca não ficou reclamando da sua amizade com a Manu não?
Eu: Ah Edu, não fala assim da Betina... Ela fala do mesmo jeito de antes, que não gosta dela e tal.
Edu: Garanto que se ela não tivesse em Porto Alegre, ia dar um jeito, uma desculpa pra você não ir amanhã.
Eu: Eu acho que ela até ia querer ir pra ver o Luan. (risos)
Edu: Mas vamos começar logo com as fotos? São as últimas da campanha,  mas você ainda tem que filmar a novela.
Eu: Tô sabendo. Bora.
Mesmo preocupada com o Leo, minhas caras e bocas nas fotografias ficaram bem legais. Dessa vez fotografamos em um estúdio, onde as coisas saíram mais confortáveis tanto pra mim quanto pras pessoas da produção. Dali, fui direto pro estúdio da emissora, onde encontrei a Manu e todas as pessoas de costume. Dividi com ela a minha preocupação com  o Leo, e ela me acalmou, disse que devia estar tudo bem e que a gente daqui a alguns dias já estaria com tudo resolvido. Voltei pra casa à noite.  Depois de ligar pro Leo, eu acabei desistindo e adormecendo.
Quando acordei, me assustei com o Leo mexendo no meu guarda-roupa.
Eu: Leo? Leo, onde você tava? Queria me matar de susto? Porque você sumiu?
Leo: Bom dia pra você também.
Eu: O que você quer que eu fale depois de você sumir uma semana? O que você tá fazendo?
Leo: Vou levar minhas coisas.
Eu: Por quê?
Leo: Vou levar minhas coisas pra casa.
Eu: Tá, mas por quê? Você sempre deixa suas coisas aqui.
Leo: Camile, a gente tem que conversar.
Eu: Espero que finalmente a gente consiga.
Leo: Camile, já tem algum tempo que você  não tá bem.
Eu: Que? De onde que você tirou isso? Leo, você bebeu? O nosso namora é tão legal, tão lindo, tão...
Leo: Eu não quero mais.
Eu: Leo, outro dia a gente tava falando de casamento... Lembra? Um lugar no meio do nada, um sitiozinho que eu vi na net especializado em casamentos... A gente tava conversando sobre nossa casinha, lembra? Amarela.
Leo: Eu... não quero mais... namorar... você.
Eu: Por quê? Olha, se é por causa daquele dia, eu te prometo que eu nunca mais bebo, eu...
Leo: Camile, não é por causa daquele dia. A gente ainda pode ser amigo, mas eu vou pra casa.
Eu: Leo, você é uma das poucas pessoas em que eu confio, uma das poucas pessoas que eu tenho no mundo, por favor, não vai.
Leo: Não dá Camile. Namorar não dá mais. A gente pode ser amigo, se você quiser, mas namorar não. A gente pode continuar com essa amizade, mas namoro não dá mais.
Eu: Leo, não faz isso. Em que você quiser que eu mude eu mudo, mudo por você, mas não me deixa. – ele pegou a mochila e saiu – Leo, não vai. Me explica, porque você tá fazendo isso? Leo! – saí pelo corredor atrás dele – Leo não vai, me explica.
Leo: Volta pra dentro Camile.
Eu: Eu só quero conversar, quero saber o porque.
Leo: Camile, entra.
Eu: Então vem comigo.
Ele me levou até a porta do apartamento. Achei que ele fosse entrar comigo, só que ele trancou a porta.
Eu: Leo, abre a porta! Leo, abre essa porta! Leo!
Fui pegar minha chave pra abrir a porta, só que desisti.  Peguei o porta retrato que ele me deu e esperei ele sair pela portaria. Ele não me escutaria gritar, então  eu dei meu jeito. Escrevi no porta retrato “Você esqueceu disso idiota. E devolve minha chave!” Atirei nele (ou em alguém com a mesma roupa) quando ele saiu.
Nunca pensei que fosse pedir a chave do Leo de volta, e principalmente, assim. Mas aconteceu, eu gostando ou não. Estava mais triste não por perder alguém que eu amava, mas sim porque estava tão acostumada com o Leo, com seu jeito, sua voz, sua presença que já não sabia mais como ficar sem ele. Foi uma coisa tão natural o modo com que o Leo entrou na minha vida que quando eu pisquei o olho, as coisas dele já estavam divididas entre a minha casa e a dele. E agora eu estava ficando sozinha de novo. Logo, todos os meus amigos iriam constituir uma família, e aprender que não precisavam conviver com alguém que não lhes acrescenta nada.

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