segunda-feira, 16 de julho de 2012

Capítulo Seis


Os dois anos que se seguiram foram perfeitamente maravilhosos. Quem era ao telefone? Bom, acho que basta dizer que participei de duas temporadas de Malhação (com o mesmo personagem). Uma como coadjuvante e outra como atriz principal. Os dias continuam sendo azuis pra mim, mesmo no inverno. As flores continuam sendo coloridas e cheirosas em pleno Outono. Por quê? Ah, eu tinha realizado o meu sonho, estava vivendo o meu sonho. Deixei de ser, finalmente, a “menina do plano de saúde” e passei a ser “a menina que fez a Tati, em Malhação”. Além disso, minha vida estava sendo um mar de rosas porque estava namorando um cara que gostava de mim, que sabia como me agradar, e principalmente: ele me fazia bem. Leonardo Coelho era o nome dele. Nos conhecemos durante as gravações de Malhação, ele também era ator. Éramos o segundo casal mais assediado do Brasil. Aquilo fazia um bem danado não só pra nós dois, mas também para a emissora. E quer saber pra quem estávamos perdendo? Manu Dumont e... Luan Santana. Por falar nele, enquanto a Betina tava na cabeça que tinha acontecido alguma coisa, eu resolvi esquecer. Não esquecer aquela noite, até porque isso seria impossível. Mas esquecer que nós trocamos telefone. Já que estamos “voltando ao passado”, não custa nada me lembrar que o Seu Fonseca não saiu do meu lado em nenhum segundo. Foi até mais difícil que eu pensava deixar o uniforme de lado e de ir todos os dias até o Bar. Mas além do Seu Fonseca, o Edu filho dele, também não saiu do meu lado. Mesmo ele e a Betina não se dando muito bem. Eu sempre dizia que isso ia acabar em rolo, mas os dois torciam a cara quando eu falava nisso... Agora ele era um tipo de empresário, além de continuar ajudando o pai, e um grande amigo também.
Nesse momento, eu estava de férias.  Mas o Leo estava gravando um filme, então eu resolvi ficar com ele. Além do mais, eu era garota propaganda de uma marca de sapatos e tinha que estar sempre à disposição pra fazer novas propagandas. Nunca fui muito fã de fotografias, mas ia ser bom esse desafio.
Era incrível pra mim tudo aquilo, de apenas em dois anos na tv já estar onde eu estava. Mas Malhação era só o começo, eu queria mais.
Betina: Camis, acorda. Camile! Milucha! Mile! Acorda menina!
Eu: Betina? O que você tá fazendo aqui?
Betina: Eu que pergunto o que você tá fazendo aí na cama ainda. Esqueceu do comercial?
Eu: Putz! O comercial!
Levantei em um pulo direto pro banheiro.
Betina: O Edu deve tá achando que você já tá no meio do caminho. O que aconteceu? Você nunca se atrasa, saiu com o Leo ontem foi?
Eu: Hm, queria eu. Ele tinha umas gravações na praia. Nem lembro qual foi a última vez que a gente saiu ontem. Ele tá super ocupado esses dias.
Betina: É amiga, vai ser o ano inteiro assim, se acostuma.
Eu: Não. Quando acabar essas fotos e comerciais eu vou conseguir acompanhar o pique dele.
Tomei banho e parti direto pras locações. Depois de algum tempo, fotos e comercial feitos. Pelo menos a minha parte.
Eduardo: Camile, fizeram uma proposta pra você hoje de manhã.
Eu: Ai Edu, outro comercial não né?’
Eduardo: Não. A Betina me falou desse seu “trauma”.
Eu: Ah, não é um trauma, eu só passei por algumas experiências ruins. Se fosse um trauma, eu nem estaria aqui, não acha? Mas me conta, o que foi?
Eduardo: Sabe que já tão escalando o pessoal pra próxima novela das sete né?
Eu: Edu, eu tô de férias e todo mundo sabe disso, vai! O Leo fica repetindo e reclamando que a gente quase não se vê e...
Eduardo: Nina (ele pegou o costume do pai), eu sei que você merece descansar. Mas o que aconteceu com você foi uma exceção. Quase ninguém sai de Malhação direto pro estrelato. Você ainda tem que fazer muita coisa ainda até deixar de ser só mais um rostinho bonito.
Eu: Tá, eu vou pensar.
Eduardo: Pensar... OK. Pensa até o fim do dia. Agora é hora de deixar o Edu e Nina de lado e focar no Eduardo Fonseca e na Camile Bianco, ou seja, na sua vida profissional. A gente tem que pensar no que é melhor pra sua carreira. Além do mais, passar as férias fazendo laboratório não mata ninguém.
Ele tinha razão. Aquilo era o que eu queria, não era? Então, o próximo passo era trabalhar, trabalhar e trabalhar. Acho que o Leo iria entender.
Eu: Deixa eu ver a personagem?
Era um tipo de “Betina da ficção”. Pela descrição parecia até que o escritor da novela se inspirou nela.
Eu: Pelo visto eu nem vou precisar fazer laboratório. Já faço a anos.
Ri.
Eduardo: Isso é um sim. Ligarei pra emissora. Agora.

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