sexta-feira, 13 de julho de 2012

Capítulo Quatro


Era o segundo momento do dia em que “Decida-se Camile” estava em minha cabeça. Tinha medo de que encontra-los ali pudesse influenciar (positiva ou negativamente) em alguma coisa. “Decida-se Camile, decida-se” era a única coisa que eu tinha certeza de que devia fazer. Segui em frente. Rumo à mesa oito.
Eu: Boa Noite. Gostariam de alguma sugestão ou vocês já vão fazer o pedido?
Um deles me olhou como se estivesse me reconhecendo, os outros agiram normalmente. O que eu também fiz. Estava no meu ambiente de trabalho e aquilo não podia atrapalhar meu rendimento. Além do mais, não seria pecado algum usar aquela situação a meu favor, afinal, mostraria que eu era uma ótima profissional. Eles foram como clientes normais, por exceção aquele que parecia me reconhecer. Tava me dando uma certa agonia ele me observando a cada passo. Eles foram embora no final do expediente. Quando o bar foi fechado, fui pra casa onde a Betina me esperava. Ela sabia que eu ficava nervosa na véspera do resultado de qualquer coisa.
Eu: Brigado por vir chorar comigo.
Betina: Chorar? Camile, porque você está tão negativa assim? Você sempre diz que pensamento positivo trazia coisas positivas.
Eu: Pensamento positivo te faz ser eternamente a menina do plano de saúde. Eu não quero mais isso. Vamos ser realistas?
Betina: Tá, se é pra ser realista, vamo ser realistas. Se você tem certeza de que não vai passar, porque você fez o teste afinal?
Ela tinha razão. Se eu realmente não tivesse esperanças, nem o teste faria.
Eu: Tá Betina! Agora eu vou dormir e você também, porque tem uma loja pra abrir amanhã de manhã bem cedo.
Betina: Não antes do seu telefonema.
Eu: Então liga pro seu patrão e pede dispensa.
Betina: Por falar em telefonema... O Luan ligou?
Eu: Não. Você acha realmente que ele ia ligar pra mim?!
Betina: Camile, se ele pegou seu número, é lógico que ele ia ligar. – Ela pegou meu celular.- A não ser que tenha acontecido alguma coisa.
Eu: Tipo o que? O celular ter ido parar na lavadora de roupas?
Falei rindo.
Betina: É. Tipo isso aí.
Eu: Tá ligando pra quem?
Betina: Pro Luan.
Eu: QUÊ????????????????
Betina: Ih, deu que o número não existe.
Eu: Porque será que isso não me surpreende?
Betina: Deve ter acontecido alguma coisa. E nada a ver contigo ficar falando do Luan desse jeito. Sério, você voltou diferente daquela noite, sei lá... Ao mesmo tempo que você tá irradiando felicidade, tá irradiando pensamento negativo. Deita aqui no colo da sua miguxa e conta tudo.
Eu não voltei diferente “daquela noite”. Eu estava diferente a muito tempo. Mas essa era uma das consequências de se ter uma melhor amiga desligada. Na verdade, eu tinha medo. Não queria voltar pra SP, principalmente por não ter aonde ficar.

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