Era o segundo momento do dia em que
“Decida-se Camile” estava em minha cabeça. Tinha medo de que encontra-los ali
pudesse influenciar (positiva ou negativamente) em alguma coisa. “Decida-se
Camile, decida-se” era a única coisa que eu tinha certeza de que devia fazer.
Segui em frente. Rumo à mesa oito.
Eu: Boa
Noite. Gostariam de alguma sugestão ou vocês já vão fazer o pedido?
Um deles me olhou como se estivesse me
reconhecendo, os outros agiram normalmente. O que eu também fiz. Estava no meu
ambiente de trabalho e aquilo não podia atrapalhar meu rendimento. Além do
mais, não seria pecado algum usar aquela situação a meu favor, afinal,
mostraria que eu era uma ótima profissional. Eles foram como clientes normais,
por exceção aquele que parecia me reconhecer. Tava me dando uma certa agonia
ele me observando a cada passo. Eles foram embora no final do expediente.
Quando o bar foi fechado, fui pra casa onde a Betina me esperava. Ela sabia que
eu ficava nervosa na véspera do resultado de qualquer coisa.
Eu: Brigado
por vir chorar comigo.
Betina:
Chorar?
Camile, porque você está tão negativa assim? Você sempre diz que pensamento
positivo trazia coisas positivas.
Eu: Pensamento
positivo te faz ser eternamente a menina do plano de saúde. Eu não quero mais
isso. Vamos ser realistas?
Betina:
Tá,
se é pra ser realista, vamo ser realistas. Se você tem certeza de que não vai
passar, porque você fez o teste afinal?
Ela tinha razão. Se eu realmente não tivesse
esperanças, nem o teste faria.
Eu: Tá
Betina! Agora eu vou dormir e você também, porque tem uma loja pra abrir amanhã
de manhã bem cedo.
Betina:
Não
antes do seu telefonema.
Eu: Então
liga pro seu patrão e pede dispensa.
Betina:
Por
falar em telefonema... O Luan ligou?
Eu: Não.
Você acha realmente que ele ia ligar pra mim?!
Betina:
Camile,
se ele pegou seu número, é lógico que ele ia ligar. – Ela pegou meu celular.- A
não ser que tenha acontecido alguma coisa.
Eu: Tipo o
que? O celular ter ido parar na lavadora de roupas?
Falei rindo.
Betina:
É.
Tipo isso aí.
Eu: Tá
ligando pra quem?
Betina:
Pro
Luan.
Eu: QUÊ????????????????
Betina:
Ih,
deu que o número não existe.
Eu: Porque
será que isso não me surpreende?
Betina:
Deve
ter acontecido alguma coisa. E nada a ver contigo ficar falando do Luan desse
jeito. Sério, você voltou diferente daquela noite, sei lá... Ao mesmo tempo que
você tá irradiando felicidade, tá irradiando pensamento negativo. Deita aqui no
colo da sua miguxa e conta tudo.
Eu não voltei diferente “daquela noite”. Eu
estava diferente a muito tempo. Mas essa era uma das consequências de se ter
uma melhor amiga desligada. Na verdade, eu tinha medo. Não queria voltar pra
SP, principalmente por não ter aonde ficar.
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