Eu: Luan,
volta!!!!!!!
Desci a escada tentando ir atrás dele e senti uma forte
contração.
-Calma gente, ainda falta uma semana pra cirurgia.
Sentei no sofá e liguei pro celular do Luan, que chamou
no quarto. Liguei para a Bruna.
Ligação on.
Eu: Bru, você tá
em casa?
Bruna: Tô. Por
quê? O que foi?
Eu: O Lu tá
aí?
Bruna: Não
sei, vou ver. –pausa- Tá não. Vocês brigaram?
Eu: Foi ele
saiu daqui e deixou até o celular.
Bruna: Se eu
ver o Luan eu brigo com ele também.
Eu: Não Bruna,
ele já me explicou tudo.
Bruna: E você acreditou.
Eu: O quê que
eu podia fazer mais?
Bruna: Mile, o
Luan é meu irmão, mas todo mundo sabe que ele já fez isso uma vez. Desculpa
comparar, mas fez.
Eu: Não, eu
sei. Se você achar ele, diz pra ele voltar pra casa? A gente tem que conversar
direito.
Bruna: Pode deixar
que eu falo.
Eu: Brigado.
Beijo.
Bruna: Beijo, tchau.
A campainha tocou e eu fui abrir o mais rápido que pude,
pensando que era o Luan.
Eu: O que vocês
estão fazendo aqui?
Camile
off/Luan On
A Bruna apareceu na porta do meu quarto.
Bruna: Pronto,
menti pra ela. Que nem você.
Eu: Cala a
boca.
Bruna: Luan,
agora ela tá mais preocupada ainda. É sério, volta.
Eu: Agora não.
Quero ficar sozinho.
Bruna: Isso não
foi nem um pouco legal. Ela tá a uma semana de dar a luz e ficou muito abalada
vendo aquilo.
Eu: Bruna, EU
QUERO FICAR SOZINHO.
Bruna: Tá
parecendo mesmo. Porque quando eu começo a ficar amiga de uma namorada sua, você
da um jeito de fazê-la sumir.
Eu: Vaza.
Bruna:
Insuportável.
Eu: Olha quem
fala. –ela saiu batendo a porta do quarto.– Derruba!
Eu só queria um lugar pra sentar, pensar e juntar tudo o
que estava acontecendo naquele momento. Um ano e oito meses havia se passado
desde que eu reencontrei a Camile em um lindo vestido azul, sorrindo pra mim em
uma festa de lançamento de novela. Um ano e oito meses que eu percebi que se
for pra alguém reaparecer na sua vida, aquilo acontece. Talvez na primeira vez
que estivemos juntos, não fosse pra ser. Eu tive que esperar pra vê-la sorrindo
de novo. Tive que vê-la de longe, acompanhar sua carreira como um fã, do jeito
que ela fez comigo durante anos.
Olhei pela janela e vi o sol se pondo. Saí procurando um
lugar em que eu finalmente ficaria sozinho.
Luan off/Camile on
Leo: A gente
pode entrar?
Eu: Pode.
Putz, com o Leo ainda rolou contato uma ou duas vezes,
mas a Manu eu não via desde o dia em que ela descobriu tudo.
Leo: Eu vim só
pra te fazer uma pergunta, pela última vez.
Eu: Faz.
Leo: Esses
filhos são meus?
Eu: De novo? Você
veio até Londrina, não sei como descobriu onde eu moro pra falar de uma
paranoia? Não, não e não!
Leo: Tá. Como
eu disse, foi a última vez que eu perguntei.
Eu: Só isso?
Manu: Não. Eu também
vim falar.
Senti uma outra contração, dessa vez mais leve e me
sentei no sofá, tamanho o desconforto. Ela tirou as fotos que eu já tinha
cansado de ver da bolsa e as jogou na minha frente.
Manu: Tá vendo
essa loira platinada aqui, agarrada ao Luan? –desviei meu olhar das fotos– Há
alguns meses atrás, você tava no lugar dela e eu tava no seu lugar. A sua sorte
é que vocês não se conhecem, você nunca a chamou de amiga. Sabe o que você tá
sentindo? Eu senti dez mil vezes pior. E isso ainda é pouco pra você.
Leo: Manu, já
chega. Ela já sabe em que barca entrou.
Manu: Ele vai
te trocar por ela. Aí vai trocar ela por outra, e outra a té se sentir
satisfeito.
Eles saíram eu desabei de vez no sofá chorando.
Eu: Lu, cadê você?
Percebi que já era noite.
Subi para o quarto e desarrumei a mala do Luan. Fui para
o banho e vi certa coisa que me fez
lembrar de atitudes de anos antes. Durante algum tempo, o cutting foi a minha
válvula de escape. Primeiro, a morte da minha mãe me fazia me sentir culpada. O
Luan, mesmo que indiretamente me fez parar com isso. A voz dele se tornou o meu
remédio. Mas o que me fez parar de me cortar, me fez voltar a fazer isso. Após
a noite com o Luan e do erro com telefones, eu me senti rejeitada, ao contrario
do que eu achava que seria. Eu chegava das gravações e me sentia um nada, mesmo
com toda aquela coisa de “revelação do ano” ao meu redor. O Leo descobriu e me
ajudou a parar. E agora, a presença dele me fez mal. Mas eu não iria fazer
aquilo de novo, por meus filhos.
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